terça-feira, fevereiro 21, 2006

Mr. MALCOM X



Omaha, Nebraska, 19 de Maio de 1925 - Manhattan, New York, 21 de Fevereiro de 1965

Um dos mais proeminentes Nacionalistas Negros, Activista dos Direitos Humanos, afro-americano e pan-africanista convicto, preconizava para os negros o Orgulho a auto-realização e a identidade política.

No dia 21 de fevereiro de 1965, é assassinado Malcolm X, líder da luta contra a opressão dos negros nos Estados Unidos, quando discursava no bairro nova-iorquino de Harlem. Malcolm X atingiu apenas 39 anos de idade, mas conseguiu mudar o país. Mesmo depois de sua morte, continuou sendo um ídolo para os negros radicais e talvez tenha exercido mais influência do que Martin Luther King.
Malcolm Little nasceu no dia 19 de maio de 1925, nos Estados Unidos. Ele ainda era criança quando o pai, pastor batista, foi assassinado por brancos, provavelmente ligados aos esquadrões do Ku Klux Klan. Órfão (a mãe estava internada num hospital psiquiátrico), Malcolm e seus sete irmãos foram entregues a orfanatos. Ele e uma irmã foram morar em Boston, onde sobreviveram com trabalhos temporários. Depois, ele mudou-se para o Harlem, bairro de maioria negra em Nova York. Escapou do serviço militar por fingir-se "paranóico". Sua carreira no país dos brancos parecia programada: empregos temporários, pequenos delitos, prisão.
Em 1946, foi para a cadeia por roubo e receptação. Justamente no isolamento da penitenciária, ocorreu a conversão que transformaria o profundo conhecedor dos becos de Nova York num dos mais carismáticos líderes negros dos Estados Unidos. Atrás das grades, ele entrou em contato com os ensinamentos de Elijah Muhammed, líder da "Nação do Islã". Estudou o corão e outros escritos filosóficos e, ao deixar a prisão, em 1952, passou a dedicar-se à organização do Movimento dos Mulçumanos Negros. Trocou seu sobrenome de escravo "Little" por "X", dizendo que "neste país, o negro é tratado como animal e os animais não têm sobrenome".
Elijah Muhammed considerava-se eleito por Deus para livrar os negros norte- americanos da opressão dos brancos. Malcolm X, seu principal missionário, transformou a mesquita do Harlem em centro do movimento. A luta dos negros norte- americanos por igualdade de direitos intensificava-se desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Nos anos 60, o movimento sofreu uma divisão: enquanto Martin Luther King (1929-1968) apostava na chamada "resistência pacífica", os mulçumanos liderados por Elijah Mohammed e Malcolm X defendiam a separação das raças, independência econômica e um Estado autônomo para os negros.
A principal reivindicação de Malcom X era a melhoria da qualidade de vida para os negros na América. Pelo menos num ponto, seu programa diferia do de outros grupos que representavam esta etnia. Malcolm X argumentava que eles tendiam a esperar mais mil anos para alcançarem seus objetivos. "Enquanto nós, muçulmanos, não estamos dispostos a esperar nem mais cem anos. Queremos a separação total entre escravos e senhores de escravos".
Segundo Erik Lincoln, professor de Filosofia Social da Universidade de Atlanta e autor do livro "The Black Muslims in America", o movimento muçulmano negro foi, essencialmente, um movimento de protesto social que se comportava mais ou menos como uma seita. Seus adeptos eram principalmente negros da classe mais baixa, que tentavam encontrar seu caminho e seu lugar na sociedade norte-americana. "Talvez, eles, de fato, pretendessem construir sua própria sociedade - uma nação negra de islâmicos", diz.
O projeto mulçumano não se tornou realidade, mas foi elogiado até por um de seus mais severos críticos, o sociólogo James Baldwin. Segundo ele, "Mohammed conseguiu realizar o que diversas gerações de assistentes sociais, comitês, resoluções, projetos habitacionais e parques infantis não haviam logrado: curar e recuperar alcoólatras e vagabundos, redimir egressos de penitenciárias e impedi-los de voltar".
Com o passar do tempo, Malcolm foi ficando cada vez mais famoso. Começou a se distanciar do clichê de que todos os brancos são "endemoniados" e não queria continuar mantendo a fachada de movimento puramente religioso e apolítico. Em março de 1964, então, Malcolm X rompeu com o movimento e organizou a "Muslim Mosque Inc.", e mais tarde a "Afro-American Unity", organização não religiosa. Numa viagem a Meca, a cidade sagrada dos muçulmanos, em 1963, mudou o nome para Al Hajj Malik Al-Shabazz. Seu rompimento com a "Nação do Islã" e sua entrementes posição conciliatória em relação aos brancos lhe trouxeram um certo isolamento.
No dia 21 de fevereiro de 1965, ele foi morto com 13 tiros, quando discursava no Harlem. Jamais foram encontradas provas, mas suspeitou-se do envolvimento da "Nação do Islã" no assassinato. Suas idéias ainda foram muito divulgadas na década de 70, por movimentos como o Black Power e as Panteras Negras, conforme relata Tom Wolf, no livro "Radical Chique e o terror dos RPs" (Editora Rocco).

Sua vida e obra também estão documentadas em vários filmes, sendo o mais famoso deles "Malcolm X", dirigido por Spike Lee, de 1992, filme no qual Denzel Washington desempenha o papel de X.