sexta-feira, abril 07, 2006

30 d.C.: Crucificação e morte de Jesus

O dia 7 de abril do ano 30 pode ser, segundo pesquisas recentes, a data da morte de Jesus Cristo em Jerusalém. Nenhum estudo sério nega definitivamente que ele tenha existido. Indícios de sua existência já foram registrados pelos historiadores judeus Flavius e Josephus, no final do primeiro século, e, pouco depois, pelos escritores romanos Tácito, Suetônio e Plínio.
"Segundo a tradição" é a expressão usada pelos historiadores quando eles não têm certeza científica a respeito de determinado acontecimento. Por isso, afirmam que, "segundo a tradição", Jesus de Nazaré foi um judeu da Galiléia, nascido quando os romanos dominavam a Palestina, sob o império de Augusto. Aos 30 anos, ele teria reunido discípulos e apóstolos e começado a anunciar a Boa (o Evangelho, em grego): a realização das profecias sobre o Messias (Cristo, em grego) e a instauração do reinado de Deus sobre o mundo a partir de Israel.
Fontes têm caráter mais religioso que científico
Considerado blasfemo e líder de judeus rebeldes, Jesus teria sido submetido a um processo religioso, acusado de conspirar contra o imperador romano César. Pelos cálculos do calendário cristão, foi crucificado no dia 7 de abril de 30, em Jerusalém, por sentença de Pôncio Pilatos, procurador da Judéia. A crucificação era a pena mais cruel aplicada no Império Romano.
É inegável que as fontes históricas usadas para comprovar a existência de Jesus, escritas uma geração após sua morte, têm um caráter mais religioso do que científico. Mas os textos bíblicos dos quatro evangelistas contêm apenas alguns dados do currículo do Messias. Não se sabe o dia exato do nascimento de Jesus. Alguns estudiosos supõem que tenha sido em agosto, talvez no dia 7, entre os anos 4, 6 ou 7 antes de Cristo, em Belém, a alguns quilômetros de Jerusalém. Essa confusão de datas é atribuída a um erro de cálculo cometido pelo monge Dionísio, no século 6º.
As mesmas fontes indicam que Jesus passou sua infância e juventude com os pais - o carpinteiro José e sua esposa Maria -, no norte de Israel. Aos 30 anos, deixou o lar e, nos anos seguintes, percorreu a terra dos judeus, pregando o Evangelho. Para a teologia da época, ele se referia a Deus de maneira inusitada, atraindo multidões, mas também causando inimizades junto aos líderes religiosos.
Doutrina resiste a especulações
Para os discípulos, a vida do mestre não terminou com o assassinato na cruz no ano 30 (com a idade de 36 ou 37 anos, e não 33, como se crê). "Segundo a tradição", 50 dias após sua morte, durante o período de Pentecostes, eles anunciaram que Cristo ressuscitara e os enviara a pregar por todo o mundo a boa nova da salvação. Essa pequena comunidade de cristãos passou a difundir o cristianismo, transformando-o numa religião mundial.
Os princípios básicos da doutrina cristã têm resistido, ao longo dos séculos, a toda e qualquer especulação a respeito do Jesus "histórico". A fé cristã professa que o Deus revelado a Abraão, a Moisés e aos profetas enviou à Terra seu filho como Messias (Salvador). Ele nasceu numa família simples, morreu, ressuscitou e enviou o Espírito Santo para permanecer no mundo até o final dos tempos. A mensagem cristã baseia-se no anúncio da ressurreição de Cristo, na garantia de que a salvação é sempre oferecida a todos e no princípio da fraternidade, à semelhança do amor que o próprio Deus dedica aos seres humanos.

Dr. Hajo Goertz (Deuts Welle)