segunda-feira, fevereiro 27, 2006

"Onde livros são queimados, seres humanos estão destinados a ser queimados também"


"Quando os heróis saem do palco, os palhaços sobem"


Christian Johann HEINRICH HEINE, nasceu em Düsseldolrf, no estado Alemão da Renânia do Norte-Vestefália, a 13 de Dezembro de 1797 e faleceu em Paris, França, a 17 de Fevereiro de 1856. Descendente de uma família de comerciantes judeus. Quando os negócios da família começaram a não correr bem, foi enviado para Hamburgo onde, passou a viver sob a custódia de um tio rico, o abastado banqueiro Salomon que, em vão, tentou incentivá-lo a seguir as suas pisadas profissionais. Formou-se em Direito, tendo estudado nas Universidades de Bona, Berlin e Göttingen mas a sua paixão natural pela literatura foi mais forte que o Direito que, apesar da sua formatura em 1825, nunca chegou a exercer, também muito por culpa da sua origem semita que, inclusive, levou-o a mudar o seu nome de Harry para um mais deutsch Heinrich e a converter-se ao protestantismo, uma vez que o funcionalismo público era, na altura, proibido aos judeus.

Foi um dos maiores poetas do séc. XVII e do período pós-romântico alemão, tendo-se estreado poéticamente em 1821. Ainda enquanto estudante, compôs o poema Intermezzo, inspirado no amor por uma prima, amor esse que por não ter sido correspondido, tornou-se num dos temas centrais de toda a sua obra. Compôs também no começo da sua grande carreira um dos seus mais aclamados poemas, Dois Granadeiros, poema esse que reflecte a sua profunda admiração por Napoleão Bonaparte.

Por razões de saúde passou temporadas nas praias do Mar do Norte, que lhe inspirou uma série de poemas sombrios e pitorescos sobre o amor frustrado, incluídos em seu famoso Livro das canções, uma extensa coleção de versos.

Esses primeiros trabalhos mostram influências da época, porém o toque irônico os destaca do mainstream romântico. Suas viagens de verão produziram também a base para os quatro volumes do Quadros de viagem (1826–31), uma combinação de autobiografia, crítica social e debate literário.

Em visita à Inglaterra em 1827, ficou horrorizado com os costumes e o materialismo que dominavam a capital inglesa, voltando decepcionado para a Alemanha. No terceiro volume dos Quadros de viagem, Heine satiriza o poeta e dramaturgo alemão August von Platen, que tinha atacado as origens judaicas de Heinrich. Este ato prejudicou a reputação de Heine.

Em 1831 foi a Paris como jornalista para escrever artigos sobre o desenvolvimento do capitalismo e da democracia no país. Três anos mais tarde, se apaixonou por Crescence Eugénie Mirat ("'Mathilde" em seus poemas), com quem casou anos mais tarde.

Na capital francesa, escreveu livros de viagens e ensaios sobre a literatura e filosofia de sua terra natal, o que não agradou aos censores alemães. A partir daí o poeta passou a ser visado por seu potencial subversivo.

No fim de 1835, ele se encontrava cercado de espiões, sendo forçado a exilar-se em Paris. Sobre o assunto, escreveu: "Quando os heróis saem do palco, os palhaços sobem".

Desafiando os censores, Heine escreveu, durante estada na Alemanha, uma longa sátira – Alemanha, um conto de inverno (1844), onde ataca os reacionários.

Do mesmo ano data o poema Os pobres tecelões, onde retrata as péssimas condições de trabalho no país, traduzido por Friedrich Engels para o inglês. Graças a ele, Heine se tornou um dos poetas mais estudados em países comunistas.

Heine que viveu num período de grandes mudanças sociais e políticas, como a Revolução Francesa e as guerras napoleônicas, tornou célebre a sua afirmação profética se gundo a qual "0nde livros são queimados, seres humanos estão destinados a ser queimados também", (basta lembrar o dia 10 de maio de 1933, marco fatídico do auge da perseguição do nazi aos intelectuais, principalmente escritores, dia em que em toda a Alemanha, mais particularmente nas cidades universitárias, no auge de uma campanha iniciada pelo diretório nacional de estudantes, centenas de milhares de livros, de autores como Einstein, Freud, Zweig, Mann, Huch, entre outros foram queimados, com vista a purificação, pela imolação, da literatura alemã, até a data infestada de elementos nocivos e potencialmente alienantes de toda a cultura alemã, deixando Montanhas Mágicas de um cinzeiro de livros acumuladas em praças, dando dessa forma persecussão a pretendida "limpeza da literatura" idealizada pelo nacional-socialismo de Adolf Hitler que preconizava a destruição de toda obra que fosse crítica do regime ou dos padrões por ele impostos desviasse-se .

Segundo historiadores, foi-lhe diagnósticado, aos 44 anos, sífilis. Os últimos anos da sua vida passou-os em Paris, exilado, pelo governo prussiano, paralítico, com perda de visão e prostado numa cama, onde escreveu O Romanceiro, em que expressa a sua concepção hebraica da religião e um volume de poemas, "Atta Troll, ein Sommernachttraum", em que reflete sobre a morte que aproxima-se e o seu primeiro amor.

A sua obra, muitas vezes sombria, reflexo do amor não correspondido, aborda também de uma forma mordaz, a sátira social e variados temas pitorescos. Para além da obra poética, deixou também importantes escritos em prosa e em história das ideias.

A sua importante e extensa obra foi também fonte de inspiração para grandes compositores do romântismo alemão, como sejam Felix Mendelssohn, Franz Schubert e Robert Schumann.

Um de seus poemas musicados, A Loreley, tornou-se praticamente um dos hinos alemães.

"O daguerreótipo é a evidência que refuta a visão incorreta de que a arte é uma imitação da natureza."

Quando olho para os teus olhos
dor e tristeza se vão
e quando beijo teus lábios
fico sempre mais que são.

Quando me encosto a teu peito
entra em mim a luz do céu,
mas quando dizes: "Eu te amo!"
choro eu à larga e sem véu.