sexta-feira, maio 05, 2006

1891: Inauguração do Carnegie Hall em Nova York



No dia 5 de maio de 1891, foi inaugurado o Carnegie Hall em Nova York, uma sala de concertos em estilo renascentista italiano, com capacidade para 2800 pessoas. Na festa de abertura, o público assistiu por dois dólares a um concerto de músicas de Beethoven, dirigido pelo compositor russo Peter Tchaikovski (1840-1893).


A construção do Carnegie Hall foi um ato de generosidade do industrial Andrew Carnegie. O ambicioso maestro e diretor da Filarmônica de Nova York, Walter Damrosch (filho de imigrantes alemães), convencera o mecenas milionário de que a sua orquestra precisava de uma "casa própria". A sede da Filarmônica acabou virando um templo das artes.
Meca dos grandes músicos
A lista de gênios da música que se apresentaram na casa de espetáculos próxima ao Central Park é longa e inclui nomes como Arthur Rubinstein e Yehudi Menuhin. Milhares de obras tiveram ali a sua estréia mundial. Algumas carreiras também surgiram por acaso no Carnegie Hall. Em 1943, um desconhecido jovem de 25 anos teve de substituir o adoentado maestro Bruno Walter. No dia seguinte, os Estados Unidos tinham um novo astro da música erudita: Leonard Bernstein (1918-1990).
"Uma vez que você se apresentou no Carnegie Hall, sabe que alcançou a sua meta, porque ninguém se apresenta no Carnegie Hall se não for um grande artista", disse certa vez Ray Charles. Frank Sinatra, Zubin Mehta, Wynton Marsalis, Lionel Hampton, Julie Andrews, Liza Minnelli e muitos outros artistas sempre ressaltaram a importância do "Hall" para as suas carreiras. Histórico foi também um concerto de Arturo Toscanini e Wladimir Horowitz, em 1943, para o qual não foram vendidos ingressos e, sim, títulos do tesouro público norte-americano, no valor de 11 milhões de dólares, para financiamento da Segunda Guerra Mundial.
Palco para jazz, rock ...
Inicialmente, o Carnegie Hall era um espaço dedicado principalmente à música erudita. Maestros como Arturo Toscanini e Fritz Reiner e pianistas como Sergei Rachmaninoff, Glenn Gould e Arthur Rubinstein eram presenças freqüentes. Esta característica começou a mudar em janeiro de 1938, quando o "Hall" se abriu para o blues e o jazz. Benny Goodman, Louis Armstrong, Billy Holliday, Charlie Parker, Ella Fitzgerald, Duke Ellington und Miles Davis foram alguns dos astros que lotaram a casa nos anos seguintes.
Segundo o diretor do museu e do arquivo do Carnegie Hall, Gino Francesconi, a apresentação de Benny Goodman, em 1938, foi um dos primeiros concertos em que o público se sentou para ouvir swing, uma música feita para dançar. Para Benny Goodman, isso significou o reconhecimento da sua música.
... e política
Andrew Carnegie sempre quis que o "Hall" se autofinanciasse. Por isso, o teatro não se restringiu a promover espetáculos musicais. Serviu de palco também para conferências científicas e discursos de líderes políticos das mais diferentes tendências. Mark Twain, o primeiro-ministro britânico Winston Churchill e Albert Einstein passaram por lá. O presidente norte-americano Thomas Woodrow Wilson (1856-1924) fez um discurso no local, em 1919, pedindo o apoio do povo norte-americano ao Tratado de Versalhes. Discursaram ali também líderes de movimentos pelos direitos humanos, como Martin Luther King e Jesse Jackson, militantes do movimento feminista e socialistas que atacavam o capitalismo.
Depois de ser salvo da demolição por Isaac Stern, em 1960, o teatro abriu as suas portas à "música de entretenimento", e as estrelas do pop e rock conquistaram o legendário palco. Em sua história, o Carnegie Hall transformou-se num mito que, segundo o alemão Franz Xaver Ohnesorg, diretor artístico da entidade de 1999 a 2001, não se deve apenas à acústica especial. "Não há outro lugar no mundo com uma concentração tão forte de artistas famosos", diz ele.

Michael Kleff (gh) © 2006 Deutsche Welle